Sérgio Lino em entrevista à Antena Minho

O sucesso conseguido pelo nosso treinador, Sérgio Lino, ao longo dos últimos três anos, tem despertado a atenção do desporto regional. O bom trabalho estende-se aos seniores e ao escalão de escolas.

Em seniores, subiu no ano transacto à 1ª divisão a 14 pontos do 2º classificado e na presente época, o clube está bem encaminhado para a manutenção. Em escolas, classificou a equipa na época de estreia em 6º lugar e este ano luta afincadamente pelo 1º lugar no campeonato.

Registamos aqui as principais ideias expostas na entrevista ao programa Lance em Profundidade da Antena Minho, em 9 de Abril.

Antena Minho (AM) - Depois de um percurso pelos principais clubes regionais, deixou de defender cedo e abraçou o lado técnico. Porquê?

Sérgio Lino (SL) - Tomei esta decisão por motivos profissionais. Depois formei as escolas do CATEL, num projecto que me ofereceram e mais tarde comecei a treinar os seniores. Não estou arrependido.

AM - A 1ª época não correu bem, mas na época passada, depois de assumir o 1º lugar nunca mais o largou e esta época está a ser surpreendente.

SL- Na 1ª época não estavam todos a remar para o mesmo lado e a equipa também era fraca.

O ano passado correu bem, todos colaboraram e por isso subimos e fomos, destacadamente, a melhor equipa da série.

Este ano temos uma equipa jovem e talvez o plantel mais barato da série. No entanto temos um grupo com muita ambição, espírito de grupo e muita motivação.

O grupo foi reforçado com jogadores jovens e de muita qualidade e é muito unido, daí o bom campeonato que estamos a realizar.

AM - Que frutos retira o CATEL do projecto da formação?

SL - A nossa equipa sénior é composta por vários jogadores ex juniores do clube, a que juntamos alguns ex juniores do Braga e do Famalicão; esta amálgama resultou numa boa equipa. Além disso, o CATEL tem esta época seniores, juniores, iniciados e escolas e o trabalho dos escalões inferiores vai, naturalmente, reflectir-se nos escalões de cima.

AM - E as estruturas de apoio a este projecto do CATEL?

SL - O CATEL é um clube ecléctico. Além de futebol, que é patrocinado pela MATRICE, comporta várias outras actividades culturais: tem um Rancho Folclórico, promove o teatro, realiza festivais da canção e Festas de Natal, entre outras.

Este ano tem um programa de comemorações dos 25 anos.

AM - Você fala muito do "nós"... é de Cunha?

SL - Não. Mas nesta Associação há um grande sentido de pertença entre todos. Estamos a tentar desenvolver/dinamizar aquela zona em termos culturais e desportivos. É uma zona limítrofe dos concelhos de Braga, Famalicão e Barcelos e tem um grande potencial.

AM - E a população como adere ao projecto?

SL - As escolas, sobretudo, e a formação em geral, que é trabalhada por professores de Educação Física, pois se pretende bem trabalhada, congrega e movimenta muita gente da freguesia de Cunha e da área onde o clube se insere.

AM - E não havia nada nessa área?

SL - Não. Quando se iniciou este projecto, em Cunha só havia uma equipa senior e cerca de 30 adeptos nos jogos. Com este projecto de formação, houve o envolvimento dos pais e hoje temos uma assistência muito razoável. É o efeito "bola de neve".

AM - E os intervenientes nas actividades têm esse sentimento de pertença de que falou?

SL - Têm. A título de exemplo, dir-lhe-ia que muito recentemente foram 4 atletas treinar ao F. C. do Porto e 2 ficaram, outros 2 não, mas não ficaram melindrados e disseram que querem é jogar no CATEL.

Além disso, estes miúdos desenvolvem-se, também, em termos sociais, pois quando vão frequentar o 2º ciclo no Externato Infante D. Henrique, já se conhecem e mais facilmente se integram. Outra atitude que se nota é o espírito de fair-play dos nossos miúdos.

AM - É a transformação de um miúdo num atleta de corpo inteiro.

SL - É isso que perseguimos. E há a interacção entre os pais, os jogadores e o clube, que muito ajuda a este desiderato.

Temos, também, um blog onde se publicam as actividades da Associação e onde recebemos o feed-back dos atletas, dos pais e dos adeptos, o que nos ajuda a melhorar e a crescer.

Temos por objectivo desenvolver em todas as áreas, mas necessitamos de mais apoios.

AM - O que são projectos interessantes? Ter formação como um "cavalo de Tróia" é excelente para dar nas vistas. Mas o projecto do CATEL é diferente. Apesar de não terem estruturas físicas, há material humano. O que é preciso criar para melhorar?

SL - A preparação para a vida neste projecto do Catel é um ponto fundamental. Em termos de estruturas, precisamos urgentemente de um piso sintético e estamos empenhados em consegui-lo. Só assim poderemos desenvolver mais. É uma necessidade primária.

AM - Sente-se realizado com o trabalho junto dos miúdos?

SL - Completamente, porque os vejo evoluir em todos os níveis. Há potencial. Para estar totalmente satisfeito só necessitava de melhores condições físicas para desenvolver melhor o trabalho.

AM - Para terminar, voltemos a analisar o restante percurso da equipa sénior. Que pensa?

SL - Penso que vamos conseguir os objectivos, que passam pela manutenção, o mais rápido possível.

AM - Tem sido um campeonato atractivo?

SL - Para mim é um prazer jogar com equipas de topo da regional de Braga. Este campeonato, fruto da restruturação, é mais competitivo e interessante.

AM - Em relação aos que descem, parece-me que o CATEL não corre riscos. E agora vem aí o Fragoso...

SL - Vamos tentar ganhar.